Pandemia – A quarentena interminável do coronavírus: felicidade e cansaço

O coronavírus surgiu no fim do ano de 2019, ao que tudo indica, na China, na cidade de Wuhan. De lá para cá foram quase 800 milhões de infectados e 7 milhões de casos fatais. Em 11 de março de 2020, a COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) foi caracterizada pela OMS como uma pandemia (doença infecciosa que se espalha por toda a população do planeta) e, a partir daí, o mundo todo precisou combatê-la, já que crescia vertiginosamente a cada dia. 

No primeiro ano desta pandemia (2020), a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado nesta quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Preocupações com possíveis aumentos dessas condições já levaram 90% dos países pesquisados a incluir saúde mental e apoio psicossocial em seus planos de resposta à COVID-19, mas permanecem grandes lacunas e preocupações. OPAS, Organização Pan-Americana de Saúde, Março de 2022.

A Pandemia do Coronavírus foi um momento jamais vivido pelo ser humano e eu realmente espero que nunca mais ninguém tenha que passar por algo semelhante a isso novamente.

Neste texto, o qual comecei a escrever em junho de 2020, decidi registrar como foi viver neste momento tão turbulento em que vivenciamos. Não foi fácil para ninguém. Para alguns, sem dúvida, foi muito mais difícil do que para outros. Para muitos, foi o último momento de suas vidas. Todo mundo acabou sofrendo algum tipo de problema, algum tipo de perda.

O surgimento do Coronavirus Disease 2019, o COVID-19

Em um dia normal de trabalho, o Léo me chamou no chat pedindo para marcar suas férias, lá em dezembro de 2019, pois ele recebera uma oportunidade imperdível: participar de um projeto de tecnologia junto ao seu pai, na China. Minha resposta foi rápida e positiva, dizendo que seria uma experiência inesquecível. 

Naquele momento, as notícias do coronavírus ganhavam cada vez mais palco. Um belo dia o Léo comentou que a empresa em que ele trabalharia no projeto teve de fazer home office, já que algumas cidades da China estavam fechando o comércio devido ao alto número de infectados pela COVID-19. Passaram-se alguns dias e veio a notícia que o projeto havia sido desativado e sua viagem para a China estava cancelada. Ele ficou superchateado, mas, tratava-se de uma doença que estava atingindo toda a Ásia e Europa. Por aqui, ainda não se falava nada sobre ela e muitos veículos de imprensa sequer citavam o fato.

O “Coronga Vírus” no Brasil

A partir daí as notícias começaram a se tornar mais comuns (por aqui, muitas pessoas e influenciadores chamavam de “coronga vírus”, ironizando a situação). No trabalho, em fevereiro de 2020, ao realizar orçamentos para a compra mensal de equipamentos de informática, o Ângelo disse que os fornecedores estavam com falta de estoque e as entregas eram mais prolongadas, devido ao fechamento da indústria e do mercado Chinês.

Conseguimos antecipar com um fornecedor que possuía estoque aqui no Brasil, porém, neste mesmo dia, decidimos fazer um brainstorming sobre o que precisaria ser feito se, por um acaso, a empresa precisasse trabalhar em home office num futuro próximo (foi uma ótima ideia já que, alguns dias depois, todo mundo teria de trabalhar de suas casas). Nesta semana, o Angelo me lembrou de que, em alguns dias ele estaria de férias, mas, que poderíamos acioná-lo caso precisássemos de alguma coisa (a situação começara a ficar mais tensa).

Passados alguns dias, a empresa já dispunha de álcool em gel em todas as mesas. Era fevereiro de 2020 e, em São Paulo, já havia muitos casos da doença. Na TV, a programação já priorizava o coronavírus. No chat do trabalho, começaram as mensagens falando sobre o uso de máscaras, que o ar-condicionado deveria ser desligado e que pessoas estavam tossindo. Em alguns casos, a gerência e departamento de RH precisaram avaliar e resolver a situação.

A situação ficou ainda mais complicada quando, em nosso escritório de São Paulo, um funcionário reportou que teve contato com uma pessoa que estava com sintomas da COVID-19 e estava em observação. Isso foi motivo para que um certo pânico tomasse conta do escritório de cerca de 70 pessoas. Após algumas reuniões rápidas, decidiu-se que todos (de São Paulo) trabalhariam de casa a partir daquela semana. Não comentamos nada sobre uma data de retorno, pois, a incerteza já fazia parte da programação.

Nossa última viagem

No final de semana do dia 14 de março de 2020, colocamos as malas no carro e partimos em direção à Ilha do Mel, para o casamento de uma amiga. Que delícia! Dias maravilhosos e uma festa pra lá de especial coroaram aquele final de semana prolongado de 3 dias (folgamos na segunda-feira). Na festa, ao saber que tinham pessoas de outros estados e até de fora do país, a Paola já mostrava muita preocupação, principalmente porque ela não estava se sentindo bem, com dores no estômago.

Na segunda-feira, à noite, depois de falar com um grande amigo que tinha acesso a informações privilegiadas da Prefeitura de Curitiba (que, naquele momento, já havia decretado estado de emergência), decidimos ir ao mercado e deixar a geladeira e despensa cheia. Para meu espanto, alguns itens já estavam em falta nas prateleiras, como álcool em gel, álcool comum e (não sei o porquê) papel higiênico!

As empresas começam a sair para o home office

Na terça-feira, voltamos para o trabalho. Na empresa da Paola decidiram separar os times, usando protocolos e políticas de segurança pré-definidas. Na minha empresa, era nítido que muitas pessoas já estavam totalmente desconfortáveis com a situação, já que muito se falava em home office fora do país e em grandes empresas de tecnologia. Além disso, algumas escolas da cidade já haviam suspendido as aulas. Meu chefe me chamou em um canto e me perguntou sobre como estávamos com aquela programação para o home office, pois parecia certo que sairíamos na próxima sexta-feira. 

Neste dia, eu fui almoçar e, como tradicionalmente eu fazia, fui à academia. Por lá, ninguém parecia preocupado. Durante os treinos, recebi uma mensagem de um amigo dizendo: “Dani, ouça isso agora!”. Um áudio de um tal de Fábio Jatene, médico do Incor, relatava, com detalhes, sobre uma reunião científica que ocorreu no Incor especificamente sobre o coronavírus. No áudio, ele citava um tal de Davi Uip, que já foi secretário estadual da saúde do Estado de São Paulo. Por que eu usei “um tal de” para nomeá-los? Simplesmente porque eu não conhecia esses nomes e porque eu não acredito em nada que circule em mensagens / correntes (como WhatsApp) sem comprovar a veracidade da informação.

Em poucos segundos de pesquisa, estava comprovado: tudo que o médico do Incor, Fabio Jatene, citou no áudio era verdadeiro (o link da notícia está no fim deste texto). Naquele minuto as minhas costas gelaram e eu pensei: “o que eu tô fazendo em uma academia cheia sendo que o mundo está sendo devastado por uma doença desconhecida?”. Eu tomei um banho rápido e, claro, encaminhei o áudio e o link da notícia para os amigos mais próximos e até mesmo para o meu chefe, que retornou dizendo que acabara de recebê-lo de um amigo dele.

Ao voltar para a cia, depois de algumas rápidas reuniões, veio a decisão em sair para home office naquele mesmo dia! Um comunicado oficial, junto de algumas instruções iniciais, confirmou que, naquela terça-feira, dia 17 de março de 2020, ao sair, todos deveriam levar seus notebooks e, caso desejado, seu monitor adicional. O home office estava decretado.

Lembro que o Ivan, um coordenador de tecnologia me perguntou se poderia levar sua cadeira (do escritório, ergonômica). Nós ficamos impressionados com a dúvida dele naquele momento e a decisão foi de não liberar.

Foi um grande erro, já que os “15 dias” que todo mundo imaginava se tornariam meses de isolamento. Lembro que, alguns poucos meses depois, a empresa decidiu enviar as cadeiras para todos os seus funcionários.

Na imagem abaixo, a página do COVID-19 Tracker, disponível no Microsoft Bing (https://www.bing.com/covid), oferecia dados em tempo real sobre o número de casos ativos, recuperados e fatais pelo coronavírus. Note que, nesta época, eram menos de 250 mil casos, no mundo todo (um número que, até então, já era bem assustador).

Coronavirus Tracker - Microsoft Bing - Março de 2020
Coronavirus Tracker – Microsoft Bing – 19 de Março de 2020

Eu sou a lenda!

Nossa equipe, de infraestrutura de TI, por vários motivos, precisou ir trabalhar no dia seguinte (quarta-feira, dia 18 de março). Até aquele momento, a ficha ainda não tinha caído. Mas, na quinta-feira, dia 19 de março, ao ir para o escritório para resolver alguns detalhes finais, a coisa mudou. As ruas da cidade estavam desertas. Como disse um amigo meu: “quem saia na rua parecia que estava no filme Eu sou a lenda“, em que o Will Smith vive sozinho depois que a humanidade foi dizimada por uma grave doença. (Oi? Eita!)

Não é meu objetivo comparar profissões, afinal, o pessoal da área de saúde sem dúvida passou maus bocados na pandemia. Porém, aqueles que trabalhavam com TI, especialmente com infraestrutura e segurança, sem dúvida, ralaram muito para permitir que funcionários trabalhassem de suas casas. Equipamentos, sistemas, políticas, integrações entre sistemas, etc. Foi uma correria danada.

Naquele momento, o preço do álcool em gel, quando ainda encontrado nas prateleiras, havia disparado. Não se encontravam mais máscaras descartáveis e, na TV e Internet, o assunto era um só: COVID-19 / Coronavírus. Lembro-me de ter ligado para a Paola e comentado que eu pegaria o Lucas na escolinha e que não iríamos mais levá-lo na sexta-feira. A empresa dela anunciou que os considerados grupos de risco, pais e mães e outros casos (como quem morava com pais e avós, mais idosos), não deveriam ir trabalhar no escritório na segunda-feira.

Na imagem abaixo, a página do COVID-19 Tracker (https://www.bing.com/covid) informava que no Brasil havia “somente” 621 casos.

Coronavirus Tracker - Microsoft Bing - 19 de Março de 2020 - Brasil
Coronavirus Tracker – Microsoft Bing – 19 de Março de 2020 – Brasil

O “inferno office”

Os dias seguintes foram parecidos com aqueles dias que você fazia um home office de verdade, ou seja, foram até que “normais”. Mas, quando chegou o fim de semana e que a realidade de não sair de casa (#fiqueemcasa #stayhome #staysafe) bateu à porta, é que o negócio começou a ficar mais complicado. Era essa a realidade agora! Era preciso se adaptar e não havia outra escolha.

Você tinha que trabalhar, cuidar da casa, do seu(s) filho(s) (no nosso caso, um bebê “elétrico” de 2 anos), da sua comida, do seu estoque de comida e, principalmente, da sua saúde. Alguns dias de home office e a Paola precisou tirar umas férias forçadas. Nas redes sociais os casos de demissão explodiram, já que as empresas começavam a sentir no bolso os efeitos de um mercado em baixa velocidade e de portas fechadas. A preocupação e ansiedade tomaram conta de muitas pessoas, incluindo a mim e aqueles que trabalhavam comigo. Era preciso manter a calma, afinal, o que poderíamos fazer? De fato, nada! 

Todo mundo estava vivendo uma realidade parecida*: ficar em casa, cuidar da casa, cuidar do(s) filho(s), sair apenas para fazer o que era essencial (compras, farmácia, médico, etc), não visitar os pais e avós, não frequentar lugares públicos (maioria já fechado por decreto, naquele momento) e não encontrar os amigos. A situação (me perdoe o exagero) era parecida com a de uma prisão domiciliar.

*Infelizmente, aqueles que tinham menos condições, não tinham muita opção. Precisavam ir trabalhar, pegar o transporte coletivo e, consequentemente, se expor ao vírus. Os mais pobres foram os que sofreram os maiores impactos. O coronavírus passou a ser chamado por muitos de “o vírus da desigualdade“.

Pânico

Numa noite, ainda nos primeiros dias de home office, o Lukinhas começou a fazer um barulhinho e acabou acordando. Eu o peguei no colo e, enquanto tentava fazê-lo dormir, notamos que sua respiração estava bem pesada. Naquele momento eu percebi como o medo estava tomando conta das pessoas. A Paola ficou, por alguns minutos, desesperada e depois de algum tempo eu entendi que ela achava que o Lucas estava com coronavírus. Nesse dia, Curitiba não tinha nenhum caso confirmado, portanto, minha ação foi a de acalmá-la, até falando, de certo modo, um tanto grosseiro.

A vida isolada seguia e eu já estava acostumado a acompanhar o crescimento dos números da doença nos vários sites que surgiam, especialmente o https://www.bing.com/covid/local/brazil. Na imagem abaixo, no dia 24 de março de 2020, o número de casos no mundo chegava perto de meio milhão (quase 20 mil casos fatais) e, no Brasil, já eram mais de 2 mil casos.

Coronavirus Tracker - Microsoft Bing - 24 de Março de 2020 - Brasil e Mundo
Coronavirus Tracker – Microsoft Bing – 24 de Março de 2020 – Brasil e Mundo

Nervos à flor da pele

Num belo dia de sol, não muito comum em Curitiba, o Lukinhas colocou seus brinquedos na sacadinha do apartamento. Algum tempo depois, toca o interfone dizendo que houve uma reclamação, pois nenhum objeto pode ficar na sacadinha. Eu, que já estava com os nervos à flor da pele, não resisti. Fui até a janela e soltei um “quem é que está reclamando de ursos de pelúcia estarem na sacada? quem é que está reclamando de ver uma criança brincar? vocês não têm o que fazer?”. Uma vizinha amiga mandou mensagem dizendo que ouviu meus protestos em voz alta e que achou o máximo!

Apesar de me sentir aliviado, percebi como esta vida, repetitiva e sem liberdade, estava nos prejudicando e nos fazendo mal. Num outro dia, além dos desafios diários, surgiram alguns problemas mais complicados no trabalho. Reunião daqui, reunião dali. Saía de uma, entrava em outra. Estava chegando a hora do almoço, que exigia que pai e mãe se dividissem para fazer o almoço propriamente dito, e eu ainda cheio de problemas e em reunião. Paola chama uma, duas, sete vezes. Lucas não para de chorar. Reunião acaba, abro a porta do “escritório” (um quartinho transformado em escritório) e, de pés descalços, piso num brinquedo que corta o meu pé. A reação foi incontrolável: chutei um boneco que estava no chão, que atravessou a vidraça da sala. Era a segunda vez que o vidro da sala quebrara, já que há algumas semanas o Lucas havia quebrado, quando batera com o cabo de uma vassoura em um momento de distração nossa.

Para relaxar, já depois de alguns meses de isolamento, começamos a frequentar parques e espaços abertos, principalmente mais distantes do centro urbano. Passamos a explorar, bem cedo, aqueles cantos menos populares dos parques da cidade, visitar aquelas praças que geralmente são mais vazias (como esta da foto, que o Lukinhas está no escorregador) e, também, desafiar-nos em aventuras mais radicais, como trilhas (trackings) e até mesmo alguns morros.

Lukinhas e Boris subindo o Morro da Palha, Campo Magro (Maio de 2021)
Lukinhas e Boris subindo o Morro da Palha, Campo Magro (Maio de 2021)

Minha casa, meus problemas

Em alguns momentos, tivemos uma maré de problemas com energia elétrica, TV e Internet. Foram alguns dias com problemas de energia elétrica. Por vários dias ficávamos sem energia por algumas horas, principalmente devido a chuvas fortes. Depois dessas faltas de energia, o equipamento da TV a cabo queimou. Aquele contato complicado com a operadora e alguns dias até resolver.

Aí veio um problema um pouco pior: a Internet começou a falhar demais. Como profissional da área, efetuei todo um troubleshooting e a constatação de que o problema era no link, um ADSL em cima de linha telefônica, bem antigo. Depois da visita de, pelo menos, 3 técnicos, da troca do modem / roteador, da troca dos cabos mais próximos e de muitas reclamações, já que o problema persistia, decidi pela contratação de um link de fibra ótica, que agora já estava disponível na região. Depois de instalada a fibra, efetuamos o cancelamento do plano antigo de Internet, TV e Telefone.

Poderia ter parado por aí, mas, não. Um dia, o vizinho de baixo me chamou e mostrou um vazamento no teto da sua cozinha. Constatamos que seria necessário “quebrar” a nossa cozinha para resolver o problema. Quem já passou por algum problema semelhante sabe o transtorno que é resolver problemas de vazamento. Tem que desmontar móvel, quebrar lajota / azulejo e torcer para que o pedreiro seja um cara entendido do assunto. Pelo menos, tivemos sorte! Desmontada a cozinha, quebrado o piso e consertado o cano, o vazamento foi resolvido. Chega né?! Problemas resolvidos!

Nessa época, outro número passou a ser divulgado diariamente nas mídias, o de leitos de UTI (hospitais) disponíveis e como estava sua ocupação. Em muitos momentos, o número de UTI disponíveis era ZERO! Vários hospitais de campanha foram erguidos durante o ano de 2020/21.

Informações sobre os leitos de UTI disponiveis em Curitiba, em Junho de 2020
Informações sobre os leitos de UTI disponiveis em Curitiba, em Junho de 2020

A imagem acima vinha seguido da seguinte publicação: 

A rede hospitalar de Curitiba é uma das melhores do país, com mais de 1.000 leitos de UTI. O enfrentamento ao novo coronavírus, no entanto, precisa – além da estrutura hospitalar – que a transmissão do vírus seja mantida sob estrito controle. A rede pública e privada funciona de maneira cooperada, ou seja, complementando-se mutuamente. Estamos ativando mais 58 leitos, elevando o número total para 1.088. Evite aglomerações, manteha o distanciamento social e use máscara. #FiqueEmCasa. Mais informações: https://bit.ly/2UX8trf

O fechamento da escolinha

Nesse meio tempo, já havia se passado meses de pandemia. Já estávamos em outubro e novembro de 2020 e nada da reabertura das escolas. A diretoria da escola do Lucas sempre comentava (acreditava, na verdade) que “no próximo mês” as aulas voltariam. Claro que não dependia somente deles, mas, naquela altura do campeonato, muitos pais já haviam retirados seus filhos das escolas particulares e matriculado em escolas públicas. Os pais dos menores, que não têm obrigação de manter o filho matriculado, contratavam babás ou professoras particulares.

Depois de continuar contribuindo com a escola, por vários meses, solicitamos o cancelamento da matrícula do Lucas. Algumas semanas depois, em dezembro, recebemos a notícia de que a escola encerraria suas atividades. Obviamente que ficamos tristes com a notícia, afinal, o Lucas ficara nessa escolinha desde o seu sexto mês de vida, já que Paola precisou voltar a trabalhar depois de sua licença. Escolas fechando era um sinal de que as coisas não iam bem mesmo.  

Água de menos

Foi realmente um momento bastante delicado. Estávamos bem de saúde (física, pelo menos) e trabalhávamos de casa, mas, a vida estava muito cansativa. E, pra ajudar, o país passava por uma seca jamais vista. Por esta razão, o governo e órgãos responsáveis, decidiram pelo rodízio de água, assim, tínhamos água somente até às 12h, voltando apenas as 19h.

Era preciso se programar para usar o banheiro no período da tarde. Além disso, ainda tinha uma situação bem chata, que era o horário que a água voltava pela manhã (madrugada): 5h! A pedidos daqueles que trabalhavam cedo, a água passou a voltar as 5h da madrugada e, com isso, era aquela barulheira de água correndo pelos canos e o sono (para aqueles que podiam dormir até mais tarde) que ia embora. Que situação!

Água demais

Naquela semana, já em dezembro de 2020, a esperança de um contato mais próximo com a família surgiu. A Paola participaria de uma atividade presencial em seu trabalho e todos fariam testes de coronavírus. Como o dela deu negativo (logicamente, já que pouco saíamos de casa) e Eu e Lucas também estávamos livres da doença (por estarmos totalmente isolados há várias semanas), decidimos ir à casa dos vovôs para jantar, feito que não ocorria há quase 6 meses. Lá por umas 18:15h, seguimos pra lá (neste horário, não tinha água no apartamento, ou seja, se você abrisse a torneira, nada acontecia).

Que alegria passar uma noite mais próxima do normal. Comemos juntos e botamos o papo em dia. Quase 23h, hora de ir pra casa. Ao chegar à portaria do condomínio, o porteiro me chama e diz: “Daniel, seu apartamento está alagado!”. Eu não acreditava no que ouvia. Estacionei o carro e subi correndo. Um vigia estava fechando os registros de água do prédio. A água tinha lavado toda a escadaria.

Abri a porta do apartamento e a situação era desesperadora. A água da torneira (que o Lucas havia deixado aberta, antes de sairmos), começou a vazar assim que a água da rua voltou, às 19h. Foram cerca de 3 horas de água vazando, suficientes para alagar todo o apartamento. Passamos mais de 2 horas passando o rodo, aspirador e todas as nossas toalhas de banho no chão. Alguns dias depois, já se notava o estrago no piso (laminado de madeira), rodapé e móveis. Vida que segue!

T de Tia Taís

Trabalhar em casa com criança pequena é, definitivamente, muito difícil. Estávamos nesse esquema há meses e, desde o segundo semestre, não tinha mais nenhuma empresa que não havia voltado a acelerar (reiniciar projetos ou de reavaliar lançamento de produtos e serviços – que haviam desacelerado com a chegada da pandemia), dentro de suas possibilidades e seguindo os protocolos e recomendações de segurança. As empresas em que trabalhamos não foram diferentes. Mesmo em casa, trabalhávamos demais.

Em alguns momentos, você parecia que trabalhava 24 horas por dia, já que sua casa era o seu trabalho. O celular era o seu trabalho. A sua mesa de estar / jantar, era o seu trabalho. Agora imagine tudo isso acontecendo e, ao mesmo tempo, tendo que cuidar de uma criança de 2 / 3 anos? Nós não tínhamos outra alternativa senão seguir um tipo de escala com o Lukinhas (sim, parecendo um casal separado e definindo uma agenda para ficar com o filho).

Por isso, havíamos chegado a um limite! Lembro que puxei a Paola e comentei que ou a gente pensava em alguém para nos ajudar com o Lucas ou nosso casamento ou nosso trabalho iriam por água abaixo. E, para nossa sorte, a resposta estava alguns metros da nossa casa: uma das professoras da escolinha do Lucas morava no nosso condomínio. Depois de algumas conversas e combinados, a Tia Taís, que estava desempregada naquela época (já que a escolinha anunciou seu fechamento / falência), passou a frequentar nossa casa para cuidar do Lukinhas. Aquilo foi um alívio de um tamanho inexplicável!

A Tia Taís chegava de manhã e passava o dia com o Lukinhas. Nós podíamos trabalhar como pessoas normais enquanto eles faziam mil coisas: atividades de desenho, pintura, livros e filmes. E, passado algum tempo, criaram o hábito de sair para brincar no parquinho e para brincar com água e terra lá num cantinho do condomínio, onde fizemos o desenho de um sapo, na terra. O Lukinhas adorava molhar o sapo até que aquilo virava uma argila.

Era muito bacana olhar pela janela e ver a Tia Taís com o Lukinhas e (depois de um tempo) mais umas 5 ou 6 crianças (às vezes, até o Bóris, nosso cãozinho companheiro), como uma turminha de pequenos bagunceiros, explorando o condomínio e inventando suas aventuras. A Tia Tais ficou conosco por alguns meses e, de uma maneira muito bacana, conciliamos sua despedida com a entrada do Lukinhas em uma nova escolinha, cheia de protocolos e regras, impostas pela secretaria de saúde. Dali pra frente, graças a Deus, as coisas foram melhorando em relação à pandemia, principalmente porque já estava claro que as crianças eram, praticamente, imunes à essa doença maldita. 

O mundo queria voltar ao normal

Como dito acima, as coisas pareciam seguindo para uma normalidade. Escolas estavam sendo reabertas e algumas cidades começavam a baixar suas bandeiras em relação aos protocolos de saúde. Com isso, as empresas voltaram a falar em retorno aos escritórios e, com isso, na adaptação do ambiente para atender os protocolos e cuidados necessários para evitar o contágio da COVID. Distanciamento, acrílico entre mesas, álcool em gel, máscaras, etc e etc. Tudo isso, sem uma garantia que as coisas seguiriam para uma normalidade de verdade.

E se as pessoas voltassem e então se infectassem? Naquela época, as recomendações médicas exigiam um afastamento de 10 a 15 dias para aqueles que se infectassem com o coronavírus. Ou seja, foi um período de muitas dúvidas e poucas respostas. Várias empresas (que ainda ofereciam a vantagem do home office), especialmente de tecnologia, decidiram anunciar que não voltariam naquele ano de 2020 e que reavaliaram a situação no início de 2021. Em 2021, o cenário foi semelhante: ninguém sabia ao certo quando seria possível voltar a uma normalidade, como de reabrir os escritórios. A esperança era a chegada da vacina

A esperança estava chegando: a tão esperada vacina!

Lá em 2021, época de muitos lockdowns e mais de 1 ano sobrevivendo à pandemia, todos aguardavam ansiosamente pela chegada da vacina, que obviamente precisaria de uma grande operação para fabricação, distribuição à população e aplicação nas pessoas. Alguns sites ofereciam uma previsão de quando você tomaria sua vacina, baseado na sua idade e em outras informações sobre sua saúde. Olha o meu caso:

Quando vou ser vacinado - O site fazia uma previsão de quando você tomaria a vacina do Coronavirus - Maio de 2021
Quando vou ser vacinado – O site fazia uma previsão de quando você tomaria a vacina do Coronavirus – Maio de 2021

Aquele abre e fecha e os lockdowns

No início de 2021 a pandemia parecia ter dado uma trégua e então os decretos municipais eram atualizados semanalmente. O comércio e a prática de esportes foram liberados. Eu estava sem praticar meu amado futebol há 10 meses.

Nesse meio tempo, especialmente em 2020, eu praticava corrida de rua (geralmente sozinho ou acompanhado de um amigo ou outro). Em outubro de 2021 (já eram 7 meses de isolamento), decidi voltar a andar de bicicleta.

Praticando corrida de rua, lá em 2020, (tentando correr) de máscara
Praticando corrida de rua, lá em 2020, (tentando correr) de máscara

A bike foi um esporte que cresceu demais durante a pandemia, já que se tornou uma maneira (até então segura) de relaxar, cuidar da saúde (mental e física) e sair um pouco de casa. Voltei a pedalar aos poucos e, quando vi, já estava pedalando quase 100km por semana, destes, a grande maioria em locais mais isolados, bem no meio do mato mesmo. É um esporte que pretendo não parar mais de praticar!

Passeio de Bike de Curitiba a Campo Largo (aprox 60 km)
Passeio de Bike de Curitiba a Campo Largo (aprox 60 km) – Ponte Branca, Represa do Rio Verde (Campo Largo / Araucária)

Então, no início de 2021, já com duas doses da vacina, decidi voltar a jogar futebol. Até tentei usar máscara, mas, era muito difícil (não tem como respirar fundo), por isso, era preciso um pouco de confiança e pensamento positivo neste momento. O combinado entre os amigos era de não ir caso tivesse qualquer sintoma ou contato com alguém positivo.  

Algumas semanas depois a cidade de Curitiba (assim como outras milhares, pelo mundo), anunciou, mais uma vez, outro fechamento do comércio tradicional. Os famosos lockdowns (que na verdade não eram lockdowns de verdade, já que somente o comércio comum era proibido de abrir) eram constantes. O uso de máscaras era obrigatório, além de diversas técnicas para (tentar) manter o distanciamento entre pessoas, como em mercados, bancos, lojas e etc.

Infelizmente, não se via distanciamento dentro dos ônibus do transporte público / coletivo. A massa trabalhadora, os informais, aqueles que atendem em lojas ou restaurantes, operadores de caixa e repositores de mercadorias, o pessoal da construção civil, o segurança, os motoristas (especialmente aqueles que realizam entregas, como de aplicativos de alimentação), o pessoal da faxina e limpeza, e tantos outros, não tinham escolha já que são profissões que não permitem o trabalho de casa, o famoso home office.   

O desespero bateu à porta

Faltavam poucas semanas para a vacina chegar aos idosos e, assim, aos nossos pais (acima de 70 anos). Meu pai, que já não aguentava mais ficar isolado e sem ter o que fazer, já tinha voltado a realizar seus trabalhos, como mecânico industrial. Um belo dia, eis que ele comenta que não estava se sentindo bem. Eles fizeram o teste e veio a notícia ruim: meus pais estavam positivos para COVID-19! Era 15 de março de 2021. Bateu aquele desespero, ainda mais sabendo que minha mãe tivera uma pneumonia no último ano. 

Um amigo que havia passado um sufoco com familiares com COVID me deu várias dicas importantes, como a de medir o oxigênio do sangue (com um oxímetro) a cada hora e anotar esses dados. Qualquer alteração, devia ser avaliada e, se necessário, ir ao hospital.

Alguns dias depois, durante uma consulta, minha mãe começou a passar mal e desmaiou. Minha irmã, que já tinha decidido apoiá-los no que fosse preciso, estava acompanhando-os. Neste dia, começamos uma procura frenética por hospitais e o retorno era desesperador: todos os hospitais estavam lotados, sem leitos, sem disponibilidade para novos pacientes. Por sorte, conseguimos dar entrada em um hospital próximo, principalmente por ela ser idosa e por estar com a oxigenação muito baixa. Ela foi internada, mas, como não havia leitos (uma situação, infelizmente, bastante normal naquela época), foi acomodada em uma maca do PA (Pronto atendimento) deste hospital, onde precisou receber oxigênio e medicação.

Ninguém podia ficar com ela e, nos dias seguintes, nosso único contato era através das assistentes sociais, que davam informações (sobre todos os pacientes internados), poucas vezes por dia. Foram dias tensos, especialmente por que também precisamos levar meu pai a outro hospital e, nesse mesmo dia, também levar minha irmã, que teve uma crise de enxaqueca, ao hospital. Por sorte, meu pai não precisou ficar internado, minha irmã não contraiu COVID e minha mãe não precisou ser intubada, como foi o caso de muitos que contraíram a COVID. Alguns dias depois todos estavam em casa e recuperados.

Chegou a minha vez (de tomar a vacina)

Quando as vacinas chegaram, logicamente que, idosos, pessoas com doenças mais críticas, profissionais da saúde e outros grupos, foram convocados inicialmente. Meus pais, por terem contraído a doença, precisaram esperar alguns dias antes de tomar a vacina.

Depois de um tempo, a vacinação passou a ser liberada para a “população comum”, baseado em sua data de nascimento (mais velhos primeiramente). Como professor, pude tomar minha vacina alguns meses antes daqueles que tinham a minha idade. Em 17 de junho de 2021 (uma data inesquecível) eu tomei minha primeira dose. Três meses depois já estava tomando a segunda dose e, com isso, bastante protegido contra a COVID-19.

Tomando a vacina do Coronavirus, em 16/09/21
Tomando a segunda dose da vacina do Coronavírus, em 16/09/21
Vacinação do Coronavirus em Curitiba - Locais temporários para as campanhas de vacinação - Setembro de 2021
Vacinação do Coronavírus em Curitiba – Locais temporários para as campanhas de vacinação – Setembro de 2021

Mesmo com as vacinas (ainda em suas primeiras doses, já que a grande maioria exigia, pelo menos 2 doses para uma proteção mais eficaz), as máscaras e os protocolos de segurança ainda eram obrigatórios.

Visita a MON / Museu do Olho, em Curitiba, em Novembro de 2021. O uso de máscaras era obrigatório
Visita a MON / Museu do Olho, em Curitiba, em novembro de 2021. O uso de máscaras era obrigatório

Chegou a minha vez (de pegar o tal coronavírus)

Já era 2022 e já tínhamos tomado 3 doses da vacina (junho e setembro de 2021 e janeiro de 2022) . Muitos dos nossos amigos, familiares e colegas de trabalho tinham pego a COVID-19. Alguns não sentiram nada. Outros, algum sintoma aqui e outro ali. Conhecemos pessoas que passaram maus bocados e, infelizmente, para algumas, a doença foi fatal. Em fevereiro de 2022 eu acreditava que passaríamos ilesos, sem pegar a tal COVID-19 (que nessa altura do campeonato já tinha diversas variantes e novos nomes). Mas, um belo dia, eis que a Paola comenta que não estava se sentindo bem. Sentia algo diferente e não sabia explicar bem ao certo o que era.

Ela fez o teste e constatou que estava positiva para a COVID-19. No início, achávamos que eu pudesse ter sido a origem do vírus, pois não me cuidava tanto quanto ela. Mas, a surpresa veio após alguns dias. Eu e o Lukinhas testamos negativo, assim, bastaria aguardar mais alguns dias para o período de isolamento da Paola terminar. No fim do ciclo dela eis que eu comecei a me sentir diferente. Fiz o teste novamente e, agora, eu estava positivo para COVID-19. Os sintomas foram bem tranquilos, como um resfriado ou uma gripe comum.

Chegamos à conclusão que pegamos o vírus do Lukinhas, que, possivelmente, pegou na escolinha e que não teve nenhum sintoma (as crianças quase não sentiam sintomas além de uma rápida febre). 

Meses depois, em novembro de 2022, voltamos a pegar a COVID-19. Eu já havia tomado 4 doses da vacina e não senti absolutamente nada desta vez.

A lição aprendida: procurar sempre ver o lado bom das coisas mesmo em situações negativas

A pandemia foi um acontecimento inesquecível e há de se concordar, algo muito ruim. Mas, ter a possibilidade de estar mais tempo com meu filho, o dia todo, todos os dias e, assim, vê-lo crescer e acompanhar, junto de minha esposa, suas descobertas, é algo que realmente não tem preço! Eu agradeço muito por isso.

Mesmo com todo o cansaço, que só quem é pai e mãe sabem do que eu estou falando, e minha impaciência natural, este tempo junto da família não teve preço!

Meu filho e o interesse pelo aspirador de pó, em 2020
Meu filho e o interesse pelo aspirador de pó, em 2020

Na foto acima, meu filho e seu interesse no aspirador de pó e no barulhão que ele fazia. Ele sempre nos ajudava a manter a casa limpa. Abaixo estão aqueles desenhos que todo o pai e mãe sabem fazer muito bem: os animais mais conhecidos e suas sonoridades.

Os desenhos de animais e suas vozes
Os desenhos de animais e suas vozes
Aquele livro que a gente lê mil vezes
Aquele livro que a gente lê mil vezes

Mesmo lá no início da pandemia e naquelas semanas que o medo se instaurou, fazendo com que muitas pessoas não colocassem a cara para fora da janela, eu sempre procurei manter uma caminhada, um passeio simples, para, pelo menos, esticar as pernas e pegar um sol. A vantagem de morar num condomínio fechado era a de poder caminhar num ambiente controlado, sem encontrar com ninguém.

No início a Paola era contra, mas, depois de um tempo, foi entendendo que aquilo era importante, tanto pra mim quanto para o Lukinhas. Íamos ao parquinho (e, inicialmente, quase nunca encontrávamos ninguém) e também, a um cantinho do jardim do condomínio, onde havia um pedaço sem grama. Lá, cavando linhas profundas na terra, desenhamos um sapo e um urso. Todo dia o Lukinhas queria molhar aqueles desenhos e aquilo se tornou algo obrigatório para ele. Por muitas semanas, a diversão dele era de passear e ir “molhar o sapo!”. Passado um tempo (já com a Tia Taís nos ajudando), algumas crianças até iam junto para molhar o tal sapo.

Lukinhas em sua missão semanal: manter o desenho na terra do Sapo e do Urso - Jan/21
Lukinhas em sua missão semanal: manter o desenho na terra do Sapo e do Urso – Jan/21

O aniversário do Lukinhas de 2 anos foi totalmente reservado. Somente ele, eu, nosso querido cão Bóris, e a Paola, que organizou uma festinha com adereços e enfeites de fazendinha. No aniversário de 3 anos, para não passar em branco, conseguimos organizar algumas festinhas. Um bolinho para parte da família em um dia, outro bolinho para a outra parte da família no dia seguinte e, também, um bolinho na escola, para os coleguinhas de turma.  

Foi um tempo que, apesar das dificuldades, das preocupações, do cansaço, dos vários momentos de impaciência e da rotina sufocante, nos uniu e nos fortaleceu. 

Aqui está uma linha do tempo da pandemia do coronavírus (Johns Hopkins University & Medicine. Animated world map – COVID-19).

Como citado acima, comecei a escrever este texto, que nada mais é que um relato particular de alguns dos momentos e acontecimentos vividos durante a pandemia do coronavírus, em junho de 2020. Em 2021 e 2022, dei continuidade a sua escrita e somente agora, em 2023, pude terminá-lo e então publicá-lo.

*Com informações de: Butantan – Como surgiu o Coronavirus, Organização Pan-Americana de Saude – Pademia desencadeou aumento de ansiedade e depressão, Microsoft Bing – Covid Tracker, Prefeitura Municipal de Curitiba – Coronavirus, BBC – A psicologia por trás da corrida pelo papel higiênico, G1 – Anvaço do Coronavirus – Audio do Incor que vazou nas redes sociais, Nações Unidas (CEPAL) – Pandemia provoca aumento nos níveis de pobreza.